- Jefferson Linconn
- 29 de out. de 2020
- 2 min de leitura
"O que será que será que andam sussurrando pelas alcovas? Que estão falando alto em versos e prosas?
Há uma História oficial estabelecida por uma narrativa incompleta, quando a mesma reitera, principalmente através das suas mais imprecisas retóricas, o ponto de vista daquilo que foi denominado como "a versão dos vencedores".
O local de fala dos vencidos ou subjulgados muita vez, pretende-se sublimado apenas através do que não pode ser dito. Pelo que se tornou reprimido ou que foi tentado a ferro e fogo, silenciar.
"Que andam acendendo velas nos becos, nos breus das tocas? Que estão falando alto pelos botecos, que está no dia a dia dos desvalidos em todos os sentidos, o será que será?...", como bem aponta-nos um estupendo artista, como é o Chico Buarque.
A presença judaica, ou no mínimo dos seus descendentes, Cristãos-Novos, Marranos e Bnei Anussim, vem mostrando paulatinamente o ressurgimento emblemático de tudo aquilo que de um modo explícito ou subliminar se refere a esta comprovação estética e semiológica de que, na forma de símbolos e discursividades, desde sempre, a presença judaica sefardita no Recife, sempre se fez notar, sempre existiu, existe e ainda subsiste, como um dos mais destacados elementos formadores deste Ethos pernambucano, por exemplo.
Em termos práticos, mesmo no reduto católico, quando não outros importantes personagens e elementos simbólicos judaicos se fazem presentes, outros se fazem inferir, numa soma simples de conta de padaria, como por exemplo, dois triângulos cruzados formam uma Maguem Davi, uma "Estrela de Davi".
A Estrela de Davi, todos sabem disso, é um signo muito comum utilizado a torto e a direito no Nordeste.
Algumas igrejas cristãs abertamente portam a Estrela de Davi no seu frontispício, inclusive. Outras às vezes a expõem, de modo claro ou velado, quase sempre nas laterais das suas imponentes torres.
Na imagem abaixo, dada a significativa questão da presença de criptojudeus e de cristãos novos como elementos humanos formadores do grosso da população pernambucana, haveria a possibilidade de se poder olhar para os elementos simbólicos que aparecem quase nas partes superiores dessas torres laterais desta igreja, como um claro sinal, senão judaico, presente na sua construção, ou senão como autêntico signo da participação de Cristãos-Novos e de criptojudeus, na construção desta outra forma brasílica de cristandade, através de uma narrativa subliminar que tempos adiante assim as mesmas nos pudessem ou viessem a ser decifradas?
Nos elementos vazados destes signos, sem muito esforço, será que aqui também não se torna claro que na verdade esses dois símbolos de destaque nestas laterais desta igreja, não se tratam e não se referem imediatamente à questão delas mesmas nos serem "Estrelas Ocultas", "Signos de Salomão", "Estrelas de Davi", para quem as realmente quiser e assim tenham as "chaves" para as decifrar?
Jefferson Linconn
Jornalista MTb 3374 e Especialista no Ensino de História das Artes e das Religiões e Presidente das seguintes entidades:
- Associação dos Judeus Sefarditas de Pernambuco;
- Centro Cultural Sefarad Israel de Pernambuco - Sinagoga Aboab da Fonseca/ Mekor Haim de Pernambuco.