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"O que será que será que andam sussurrando pelas alcovas? Que estão falando alto em versos e prosas?


Há uma História oficial estabelecida por uma narrativa incompleta, quando a mesma reitera, principalmente através das suas mais imprecisas retóricas, o ponto de vista daquilo que foi denominado como "a versão dos vencedores".


O local de fala dos vencidos ou subjulgados muita vez, pretende-se sublimado apenas através do que não pode ser dito. Pelo que se tornou reprimido ou que foi tentado a ferro e fogo, silenciar.


"Que andam acendendo velas nos becos, nos breus das tocas? Que estão falando alto pelos botecos, que está no dia a dia dos desvalidos em todos os sentidos, o será que será?...", como bem aponta-nos um estupendo artista, como é o Chico Buarque.


A presença judaica, ou no mínimo dos seus descendentes, Cristãos-Novos, Marranos e Bnei Anussim, vem mostrando paulatinamente o ressurgimento emblemático de tudo aquilo que de um modo explícito ou subliminar se refere a esta comprovação estética e semiológica de que, na forma de símbolos e discursividades, desde sempre, a presença judaica sefardita no Recife, sempre se fez notar, sempre existiu, existe e ainda subsiste, como um dos mais destacados elementos formadores deste Ethos pernambucano, por exemplo.


Em termos práticos, mesmo no reduto católico, quando não outros importantes personagens e elementos simbólicos judaicos se fazem presentes, outros se fazem inferir, numa soma simples de conta de padaria, como por exemplo, dois triângulos cruzados formam uma Maguem Davi, uma "Estrela de Davi".


A Estrela de Davi, todos sabem disso, é um signo muito comum utilizado a torto e a direito no Nordeste.


Algumas igrejas cristãs abertamente portam a Estrela de Davi no seu frontispício, inclusive. Outras às vezes a expõem, de modo claro ou velado, quase sempre nas laterais das suas imponentes torres.


Na imagem abaixo, dada a significativa questão da presença de criptojudeus e de cristãos novos como elementos humanos formadores do grosso da população pernambucana, haveria a possibilidade de se poder olhar para os elementos simbólicos que aparecem quase nas partes superiores dessas torres laterais desta igreja, como um claro sinal, senão judaico, presente na sua construção, ou senão como autêntico signo da participação de Cristãos-Novos e de criptojudeus, na construção desta outra forma brasílica de cristandade, através de uma narrativa subliminar que tempos adiante assim as mesmas nos pudessem ou viessem a ser decifradas?


Nos elementos vazados destes signos, sem muito esforço, será que aqui também não se torna claro que na verdade esses dois símbolos de destaque nestas laterais desta igreja, não se tratam e não se referem imediatamente à questão delas mesmas nos serem "Estrelas Ocultas", "Signos de Salomão", "Estrelas de Davi", para quem as realmente quiser e assim tenham as "chaves" para as decifrar?


Jefferson Linconn

Jornalista MTb 3374 e Especialista no Ensino de História das Artes e das Religiões e Presidente das seguintes entidades:

- Associação dos Judeus Sefarditas de Pernambuco;

- Centro Cultural Sefarad Israel de Pernambuco - Sinagoga Aboab da Fonseca/ Mekor Haim de Pernambuco.

 
 
 

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*Coisas de Família - 5*

_por Marcos L Susskind_ in: Minha coluna desta semana no Jornal São Paulo de Fato


Minha mãe sempre me disse que ter filhos é maravilhoso, filhos são um prêmio na vida. Eu acreditei… até ter os meus. Gente do céu, ter filhos coloca se gente em cada situação!


Meu filho com apenas quatro anos, depois de três semanas na escola disse que não iria mais. Ficamos surpresos porque ele não chorava e parecia ir de bom grado. Resolvi perguntar o motivo. A resposta foi:

-"Eu não sei ler, não sei escrever e eles não me deixam falar… "


Imagine você que um dia meu filho me ligou da escola.

- Papai, você tem de vir me buscar porque me deram uma suspensão da escola.

- Nas porquê isso, meu filho? - eu perguntei.

- Eu sei lá, pai. O professor entrou na classe muito bravo, com uma régua na mão. Ele apontou para mim e disse: "na ponta desta régua tem um idiota! "

-E ai eu perguntei a ele

- " Em qual ponta? "


Mas ele tem muito orgulho de mim. Vive contando para os amigos que seu pai é inteligente, que é muito forte, que sabe tudo. Semana passada ele contou que eu, seu querido pai, servi na Guerra do Vietnã e que fui responsável pela queda de 7 Helicópteros e de 5 aviões. Todo mundo, até os professores, ficaram muito impressionados. E eu fiquei contente que ele não contou que eu era o pior mecânico aéreo no Vietnã.


Um dia ele me de pediu ajuda com um problema de matemática. A questão era:

"Se Geraldo tem 67 anos e se casa com Marlene de 23, quanto dinheiro tem Geraldo?"


Quando ele já era bem mais adulto, veio me fazer perguntas sobre sexo.

-" Papai, quanto cobra uma profissional do sexo?"

-"Depende do tempo, filho".

-"Digamos que esteja chovendo"...


Mas não pense que as coisas só acontecem comigo. No meu andar são três apartamentos - além do meu tem o do Pedro Santos e o Álvaro Franco. O meu vizinho Álvaro teve um filho. Corintiano roxo, ele foi registrar o filho. Chegando no cartório a conversa foi assim:

- "Qual o sexo da criança? "

- " Menino"

- "Qual o nome? "

-"Arquibancada do Corinthians".

- "Me dê outro nome, este eu não posso aceitar".

-"O senhor tem de aceitar porque o senhor registrou o filho do meu vizinho no mês passado".

-" Impossível! Eu nunca registrei ninguém com o nome de Arquibancada do Corinthians!"

-" Mas o senhor aceitou registrar o menino com o nome de Geraldo Santos ".

 
 
 

Por Marcos Susskind, publicado originalmente em: https://www.revistakadimah.com/post/prim%C3%B3rdios-do-movimento-ecol%C3%B3gico


Quando se fala de ecologia aparecem repetidamente alguns nomes:

Gifford Pinchot, que fundou em 1903 a Public Lands Commission.

Outro é John Muir que estabeleceu o Sierra Club em 1892 mas a instituição só passa a pressionar por política ecológica em 1905, atuando a favor do Parque de Yosemite.

Outros precursores são o grupo de ativistas que conseguiu um espaço nos Alpes Suíços para ser o primeiro Parque Nacional em 1914.

Na Nova Zelândia, a Native Bird Protection Society (mais tarde Royal Forest and Bird Protection Society) foi fundada em 1923 em resposta à devastação da Ilha Kapiti pelo gado bovino, ovino e caprino.


A verdadeira preocupação ecológica, como fenômeno de massa, se dá a partir dos anos 1960 em diante através de grupos da classe média preocupada com proteção da vida, silvestre, conservação da natureza e poluição.

A elas se juntam organizações científicas preocupadas com história natural e preservação biológica.


Mas há uma organização importantíssima que têm sido relegada nos compêndios da história.

Trata-se do Keren Kayemet LeIsrael (KKL) , conhecido no Ocidente como Jewish National Fund (JNF).


O KKL/JNF foi fundado no 5º Congresso Sionista de 1901 na Basileia, proposto pelo matemático Prof. Dr. Zvi Herman Schapira, que também era Rabino.

A ideia fora lançada em 1897 (quando ele também propôs a criação de uma Universidade Judaica) porém adiada anualmente por exigência de Max Bodenheimer, que exigia um formato legal antes da criação do Fundo.

Em 1901, pela 4ª vez ele pediu adiamento. Johann Kremenetzky caiu em choro profundo, comovendo os delegados.

E então, em 29 de Dezembro de 1901, 19 Tevet 5638, Theodor Herzl proclamou:

"O Keren Kayemet LeIsrael foi criado".


Johann Kremenetzky foi seu 1º Diretor e iniciou imediatamente a busca de contribuições, estabelecendo os cofrinhos Azul e Branco, o Livro de Ouro e a campanha de selos.

Com estes fundos, o KKL começou a adquirir terras na Galiléia e na Judea.

O 2º Diretor Geral do KKL foi o Dr. Max Bodenheimer.


O KKL entendeu muito cedo que o reflorestamento era uma necessidade premente na Palestina (nome refutado pelos Árabes. Estes afirmavam que eram cidadãos da Síria do Sul e que o nome Palestinos deveria ser aplicado exclusivamente aos Judeus).

Para tanto, o KKL plantou a primeira floresta em Ben Shemen, dando a ela o nome de Theodor Herzl.


A plantação de florestas foi um trabalho hercúleo dado o solo de pedra, a falta de água, as chuvas restritas a 50 dias/ano e em baixa quantidade.

Ainda assim, em 1935 já haviam sido plantadas 1.700.000 árvores em cerca de 8 km2. Em paralelo o KKL se preocupou em drenar pântanos.


Mas por quê o KKL fez isto?

São múltiplas as respostas, mas desde o início da colonização Judaica em Israel, entendeu-se que o reflorestamento traria consigo imensos benefícios: as florestas plantadas pelo KKL/JNF ajudam o meio ambiente pois as árvores preservam o solo e evitam a erosão, moderam a pressão de radiação e criam uma sombra e microclima confortáveis, evitam processos de desertificação nas bordas de áreas áridas, protegem contra poeira e poluentes e, claro, contribuem com a ecologia.

Plantar árvores é a principal forma de reduzir a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera e, assim, reduzir o aquecimento global, retendo o Carbono e liberando oxigênio.


Árvores e sombra atraem pássaros e abelhas com a consequente polemização, redução da temperatura.

A plantação de árvores permite o cultivo no entorno das florestas ajudando a conquista do deserto. Israel, que já fora 75% desértico conseguiu reverter muita área e hoje apenas 50% ainda é deserto e as fronteiras do deserto são "empurradas" continuamente.


O KKL também percebeu que o plantio de florestas diminuía a movimentação das dunas de areia, aumentando a proteção das áreas urbanas e as agricultáveis. Com o tempo o KKL passou também a plantar parques urbanos que embelezam as cidades, permitem atividades de lazer e diminuem a temperatura ambiente.


O KKL plantou em 50 anos um total de 260.000.000 de árvores, fazendo de Israel o único país no mundo que entrou no Século XXI com mais árvores do que tinha na entrada do Século XX.

Também criou mais de 1000 parques urbanos, construiu 200 reservatórios de água e planeja mais 30 em 5 anos.


O plantio de florestas é sempre em áreas onde não se consegue agricultura econômica e onde o risco de degradação ambiental é alto, em áreas semi-áridas ou montanhosas.

Nem sempre é fácil.

No entorno de Jerusalém apenas 4 de cada 10 árvores vingam mas no resto do país há 95% de sucesso.


Em 2009, o KKL começou a colaborar com a Autoridade Palestina no plantio de parque público na cidade de Rawabi, ao norte de Ramallah.

O KKL entregou à Autoridade Palestina 3,000 mudas de árvores.

Infelizmente, em 2019, a Autoridade Palestina resolveu encerrar todos os contatos com organizações Israelenses e com isto o projeto de novas florestas na região da Palestina encontra-se em ritmo dormente.


O KKL pode e deve ser lembrado com uma das primeiras e mais duradouras entidades ecológicas da história.

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O autor agradece a Alberto T. Simantob que sugeriu tema de hoje.

 
 
 
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