Idioma Ladino na Bósnia
- Jefferson Linconn
- 18 de nov. de 2019
- 1 min de leitura

A pequena comunidade na Bósnia que fala o idioma quase perdido dos judeus expulsos da Espanha
Estávamos a caminho da sinagoga Ashkenazi, em Sarajevo, capital da Bósnia e Herzegóvina. Naquela noite de sexta-feira, haveria um culto de shabat (dia sagrado para os judeus que começa na noite de sexta-feira e vai até o anoitecer do sábado), para o qual eu e minha amiga Paula Goldman nos deslocávamos — passando sobre as ruas de paralelepípedos de Baščaršija, a antiga área otomana da cidade, onde há mesquitas, lojas e uma madrassa (escola islâmica).
Era o ano de 2000 e a capital ainda expunha as cicatrizes da Guerra Civil Iugoslava. Um tanque da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) passou quando atravessamos o rio Miljacka.
Quando entramos no segundo andar do prédio de pedra cor de salmão, com seus quatro domos em forma de cebola, a luz iluminou os vitrais com imagens da Estrela de Davi. Tomamos nossos lugares entre a congregação, enquanto o chazan (aquele encaregado na religião de recitar orações) David Kamhi ocupava o seu em frente à arca que continha a Torá (um pergaminho contendo os Cinco Livros de Moisés). Logo, a sinagoga se inundou com as harmonias de oração.
Paula e eu nos entreolhamos com estranhamento quando ouvimos "Adonaj es mi pastor. No mankare de nada" ("O Senhor é meu pastor, e nada me faltará", em uma das traduções possíveis) do Salmo 23 recitado no que pensávamos ser espanhol. Após o culto, perguntei a Blanka Kamhi, esposa do chazan, por que a congregação estava orando em espanhol.
"Não era espanhol", ela respondeu. "Estávamos rezando em ladino."
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