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Atualizado: 6 de jul. de 2019

Aqui e em Israel, a história dos judeus Mizrahim / Sefarditas foi negligenciada pelo establishment.

Do Jewish week Times of Israel:

Matti Friedman, o premiado jornalista e escritor israelense, diz que escolheu escrever seu último livro sobre um pequeno grupo de espiões judeus de fala árabe, na Israel pré-1948, por dois motivos. É um “ótimo fio”, disse ele a um público de mais de 400 pessoas, em 6 de maio, durante o fórum patrocinado pela Semana Judaica, em parceria com a Federação UJA de Nova York, Natan e a sinagoga Park Avenue. Em um nível mais profundo, o livro destaca o papel muitas vezes subestimado dos Judeus Mizrahim – aqueles provenientes de países árabes e islâmicos - na heroica fundação do Estado judeu.

Friedman estava conversando com Mijal Bitton, colega de residência no Shalom Hartman Institute e Rosh Kehilla do Downtown Minyan. Sua discussão perspicaz ficou comigo muito tempo depois, lembrando-me que a comunidade, incluindo este jornal, deveria estar mais atenta para refletir acerca do fato de que nem todos os judeus americanos são ashkenazim.

O livro altamente elogiado de Friedman, "Spies of No Country (Espiões de Nenhum País): vidas secretas no nascimento de Israel" (Algonquin), enfoca a dupla identidade de quatro jovens na Palestina em meados da década de 1940, que arriscaram suas vidas por um país em formação. Ou, como ele observou ao descrever a complexidade de suas vidas, eles eram refugiados judeus de países árabes que fingiam ser refugiados árabes de comunidades judaicas.

Recrutados para formar um setor de fala árabe do esforço incipiente de inteligência judaica que se tornaria o Mossad, os jovens posaram como árabes em Damasco, Beirute e outros locais inimigos, sabendo que um deslize da língua poderia significar a morte. “Não só eles estavam lutando com múltiplas identidades como espiões”, observou Friedman, “mas também com o fato de serem aceitos como israelenses” em uma sociedade que tinha 90% de Ashkenazim à época.

Ele explicou que depois de se mudar para o Canadá, há 24 anos, quando tinha 17 anos, o mesmo percebeu que a narrativa tradicional Ashkenazi “não explica Israel de hoje”, e, por conseguinte, assim poderia abordar o fato de que há histórias que precisam ser contadas sobre esse segmento vital da sociedade.

Bitton, cuja família é parcialmente síria, marroquina e espanhola, disse que a leitura do livro de Friedman era "uma experiência emocional" para ela, "redentora", em parte porque levanta a questão: "por que demorou tanto tempo?" para ser contada?

"É tão importante contar essas histórias humanas, como você fez", disse ela a Friedman. Ela observou que ainda existe uma lacuna de Ashkenazi / Mizrahi na sociedade israelense e que “celebramos os ganhos e reconhecemos as falhas”, enquanto lutamos para combater a discriminação em curso.

“Como feminista progressista, eu rejeito a tentativa ocidental de apenas olhar as comunidades sefarditas através dos olhos ocidentais”, disse Bitton. “Se realmente queremos diversidade, precisamos trazer vozes que às vezes nos deixam desconfortáveis.

”Essa mensagem repercutiu em mim, e vários dias depois, entrei em contato com Bitton, cuja tese de doutorado na NYU é sobre a experiência de uma comunidade sefardita contemporânea nos EUA. Falamos sobre a lacuna Ashkenazi-Sefardita nos EUA e o que pode ser feito para ajudar a fechar isto”.

Desse modo Bitonn começou observando que as questões são repletas de complexidades, incluindo até os termos “Mizrahim”, que geralmente se referem aos israelenses originalmente do mundo árabe e muçulmano, e “sefarditas”, que ela aplica para definir judeus americanos não-Ashkenazi que identificam como sefardim, alguns dos quais têm raízes na Península Ibérica e alguns no Oriente Médio e Norte da África.

"Parte do desafio é que os judeus americanos sabem tão pouco "sobre a narrativa e a história das comunidades sefarditas e mizrahi”, disse Bitton. Às vezes, ela se pergunta se a ignorância sobre Mizrahim em Israel é intencional.

"Por que os judeus americanos que levam a sério sua responsabilidade como sionistas e que fazem perguntas difíceis sobre as políticas israelenses", ela perguntou, "não abordam a discriminação que os Mizrahim experimentaram, especialmente nas primeiras décadas da criação do estado de Israel?"

Bitton se perguntou sobre os judeus americanos que falam com "nostalgia sobre o Partido Trabalhista no poder: "sob o comando de David Ben-Gurion e seus sucessores nas três primeiras décadas do Estado judeu, sem questionar as políticas de seu governo”. Essas políticas encorajaram a enxurrada de imigrantes de países árabes e muçulmanos, mas trataram os novos cidadãos como de segunda classe, alojando-os em cidades de barracas primitivas, em cidades periféricas em números desproporcionais a outros imigrantes. Até mesmo muitos historiadores que retratam Ben-Gurion como um líder nacional brilhante e heróico, citam suas políticas tendenciosas, se não racistas, em relação aos Mizrahim.

Demorou até 1977 para a crescente população Mizrahim flexionar seus músculos políticos na eleição surpresa de Menachem Begin como primeiro-ministro. Um judeu asquenazita, ele reconheceu e bateu na amargura e na raiva de uma comunidade orgulhosa que se sentia ignorada pela elite trabalhista / asquenazita. (Há fortes paralelos aqui com a surpreendente eleição de 2016 de Donald Trump, campeão dos segmentos anti-elite nos EUA que se perceberam desrespeitados pelos que estavam no poder. Nota do tradutor).

Quatro décadas depois da vitória de Begin, os israelenses Mizrahim permanecem leais ao Likud e a outros partidos de direita, agora dominantes em Israel. Alguns atribuem esse apoio político à amargura nos primeiros anos de um Estado sob o Trabalho; outros sugerem que a longa história de discriminação sob o domínio árabe ou muçulmano fez com que os Mizrahim desconsiderassem profundamente os esforços de paz. No entanto isso pode muito bem ser devido a uma combinação desses dois fatores. Além de razões morais e históricas para reconhecer a narrativa dos israelenses mizrahim, há também uma razão política: tal relato iria contrapor a representação árabe de Israel como uma potência ocidental colonial. Mostrar solidariedade com os judeus mizrahim / sefarditas aqui nos EUA e também em Israel, poderia ajudar a neutralizar a crítica da esquerda internacional acerca de Israel.

Bitton sugere que os sionistas americanos abraçaram Israel em sua própria imagem ocidental, deixando de compreender ou de se comunicar com Mizrahim e Sephardim de uma maneira séria. "É uma atitude condescendente", disse ela, reiterando o ponto que ela fez no The Jewish Week Forum, de que "há muito poucas vozes na comunidade judaica americana dispostas a realmente falar seriamente sobre essas questões".

Zion Ozeri, um fotógrafo de renome internacional de Nova York, que nasceu em Israel, de pais iemenitas, vem tentando promover esse diálogo há anos. "Devemos fazer parte do discurso judaico americano", diz ele sobre a comunidade sefardita, "mas não estamos nem à mesa". O mesmo nos lembra que quando a AJC criou seu Conselho Consultivo Judaico-Muçulmano há vários anos, com o objetivo de advogar por questões de interesse comum, nenhuma das várias dezenas de membros escolhidos veio de uma formação Mizrahi / Sefardita. Chateado, Ozeri disse que organizou uma reunião para discutir a situação e foi informado de que Haim Saban, o bilionário americano-israelense, nascido no Egito, havia sido convidado a participar, mas não respondeu.

"Nós enriqueceríamos o diálogo, por havermos possuído uma história de vida nos países islâmicos durante séculos", disse Ozeri sobre os judeus sefarditas, mas os líderes judeus americanos "parecem não perceber os benefícios de incluir nossas vozes e perspectivas".

(Em resposta, o AJC diz que o conselho evoluiu desde o seu lançamento em novembro de 2016 e que “vários co-presidentes e membros dos oito afiliados regionais do Conselho em todo o país são judeus sefarditas”).

Ozeri reconhece que as comunidades sefarditas americanas tendem a ser insulares, têm problemas internos e muitas vezes se dividem entre buscar a inclusão na vida comunitária judaica dominante ou manter a si mesmas.

Porém, tanto Ozeri quanto Bitton, apesar de suas frustrações, notaram sinais de progresso, particularmente entre os jovens sefarditas aqui, que são mais sinceros do que os mais velhos e querem ser ouvidos. Além disso, o novo Centro Moise Safra, no estado-da-arte, no Upper East Side, certamente causará um grande impacto na comunidade e atrairá os sefarditas, em particular. Ele promoverá “valores judaicos e amor a Israel”, de acordo com seu site, e dará as boas-vindas a todos os judeus em seus eventos culturais e sinagogas, mas com foco nas tradições sefarditas.

Essas tradições oferecem muito acerca do que os judeus asquenazitas podem aprender, incluindo uma ênfase na família, com grande respeito pelos idosos; coesão e lealdade da comunidade; e a prática religiosa tradicional, que não tem divisões denominacionais e é infundida com espiritualidade, embora não necessariamente um compromisso com todas as mitsvot.

Não sei se os judeus sefarditas e mizrahim podem ajudar a fazer as pazes com o mundo árabe que conhecem bem (para o bem ou para o mal). Mas parece claro que é necessário um esforço renovado e sério para que todos os judeus aprendam e apreciem mais o passado e o presente de cada um para garantir um futuro judaico.

Tradução, ilustração

e adaptação: Dauri Ximenes

O Judaísmo é pleno de datas importantes, tanto do ponto de vista de crenças como do ponto de vista histórico.

O link abaixo mostra o significado de festas, símbolos, Shabath etc. Acesse:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1273237986164481&id=351218831699739



Atualizado: 5 de jul. de 2019



"O pioneiro do cultivo e processamento de chocolate no Brasil foi Benjamin d’Acosta de Andrade, um criptojudeu português. Nascido converso em Portugal, ele retornou ao judaísmo no Brasil. Quando os portugueses retomaram o país dos holandeses, ele se mudou com um grupo de judeus para a ilha de Martinica, nas Antilhas Francesas, em 1654, e estabeleceu a primeira fábrica de processamento de cacau em território francês."

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