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Por Marcos L Susskind

As perseguições contra os judeus não começaram na Inquisição. Elas são muito anteriores. Nabucodonosor perseguiu os judeus e destruiu seu Templo, levando-os cativos para a Babilônia motivado pela soberania frente ao Egito. Não era ódio religioso. Os gregos subjugaram os judeus para impor sua cultura. Os romanos conquistaram Judá para expandir seus negócios e fizeram os judeus escravos para evitar revolta. Perseguições por motivos religiosos começam no Século V e aumentam de intensidade, levando a mortes violentas, a partir do Século XI. Mas nenhuma destas perseguições teve o impacto que teve a Inquisição.

A Inquisição não começou com os judeus. Ela foi iniciada pelo Papa Lúcio III em 1184 para punir… cristãos… que não seguiam as diretrizes religiosas traçadas pelo Papado. Os Frades Dominicanos foram os encarregados de “punir os hereges” e rapidamente se tornaram sanguinários, divulgadores de boatos e influenciadores na sua busca de vítimas potenciais. Reis europeus aderiram com prazer à Inquisição já que os bens do hereges passavam à coroa, enriquecendo o Rei e o Reinado.

A busca de hereges se expandiu, já no século XIII, para incluir judeus. Na Espanha pré-inquisição os judeus eram proibidos de possuir terras, de participar de grupos de artesãos e entre as poucas atividades permitidas podiam ser alfaiates, ferreiros, sapateiros, marceneiros, ourives e vendedores ambulantes. Mas havia mais duas áreas permitidas aos judeus: por serem considerados indignos é que lhes permitiram dedicar-se à prática do comércio, do estudo dos astros e, especialmente do empréstimo a juros (a usura) e dos penhores, atividades proibidas aos cristãos. Aliás, eram quase forçados a empréstimo a juros e penhor, por serem consideradas atividades degradantes! Exatamente por isto os grandes cartógrafos, os comerciantes e os banqueiros da época eram judeus, desprezados por exercerem atividades “vergonhosas”, embora necessárias. Como os judeus eram letrados e sabiam matemática e então, a muitos deles foi dada a incumbência de cobradores de impostos. O ódio da plebe cristã crescia por serem eles os únicos emprestadores de dinheiro aos quais podiam recorrer. O endividamento de parte da população e de quase toda a nobreza e o fato dos espanhóis serem procurados por judeus para pagamentos de impostos aumentou o imenso ódio aos judeus. Para se defenderem do ódio, muitíssimos judeus se converteram ao cristianismo – os chamados conversos. Os cristãos tradicionais não viam os conversos com bons olhos, considerando-os uma ameaça a seu poder.

É neste caldo cultural que, na segunda metade do Século XV, assume o trono em Aragão o Rei Fernando, que quer expandir seu reinado. Para isso casa-se com Isabel de Castilha. Ambos almejavam a expulsão dos mouros islâmicos de Granada e para isto precisavam da confiança e da lealdade dos cristãos. Ao mesmo tempo, ambos acreditavam que muitos dos conversos influenciavam os cristãos para o mal e praticavam o judaísmo secretamente. Isabel desde menina tinha como confessor e instrutor um frade dominicano, Thomás de Torquemada, indivíduo sádico que odiava islâmicos, judeus, homossexuais e mouros. Torquemada convence o casal que era importante verificar “a sinceridade dos conversos”, criando em 1478 o Tribunal de Castilha, incumbido de investigar a heresia dos conversos. Dois anos mais tarde ele inicia a inquisição, restringindo locais de moradia a judeus. Nos tribunais, 20.000 conversos são interrogados e obrigados a denunciar quem mantivesse práticas judaicas, muitas vezes sob tortura. Isto levou a muitas acusações, ainda que falsas, e começaram então as mortes na fogueira, causando êxodo de conversos.

O sadismo de Torquemada se acentua e ele aumenta os atributos dos inquisidores. Já não buscam apenas hereges e apóstatas – agora passam também a perseguir acusados de poligamia, sodomia, blasfêmia, usura e feitiçaria, podendo usar a tortura para extrair confissões. Tampouco se limita aos conversos, ele decreta que qualquer judeu é obrigado a converter-se ou se resignar a viver em áreas restritas com todas as sanções que ele impõe.

Ser judeu passa a ser ainda mais desprezível e passível de morte. No entanto há judeus que interessam ao Reino. Entre eles há os cartógrafos que ajudarão nas conquistas ultramar, os médicos que atendem a nobreza, os banqueiros que financiam o luxo do rei e dos nobres, os cobradores de impostos – enfim, uma minoria útil a ser preservada. No entanto, sendo judeus devem arder na fogueira.

Qual a solução?

A solução encontrada é designá-los de uma forma não violenta, não desprezível. Cria-se então o termo “israelita”. Os “israelitas” são judeus, seguem todas as normas judaicas mas são “judeus necessários”, portanto perdem o nome judeu para serem chamados de “israelitas”, um termo aceitável e que preserva os interesses dos poderosos. Muitos deles, usando sua relativa importância, batalham duramente para salvar seus irmãos. Porém a força e o domínio que Torquemada exerce sobre o casal real lhes dá um pequeno espaço de atuação em prol da maioria judaica perseguida e forçada à conversão.

Em 31 de Março de 1492 finalmente os Reis assinam o famigerado Édito de Alhambra ou Decreto de Granada, dando prazo até 10/08/1492 para a conversão de todos os judeus – os que não se converteram estavam obrigados a abandonar o Reino. Dia 11/08/1492 era 9 de Av – o mesmo dia da destruição do 1º Templo por Nabucodonosor e expulsão para a Babilônia em 586 AEC bem como a mesma data da destruição do 2º Templo por Tito e da expulsão para Roma em 70 EC, da expulsão do judeus da Inglaterra em 1290 e mais tarde, a mesma data de início da I e da II Guerra Mundial…

O judaísmo espanhol, que nos legou Moisés de Leon, Maimônides, Don Isaac Abravanel, Ibn Shaprut, Yehudá Halevi, Ibn Gvirol, Yossef HaNassi Ibn Ezra, Abraham Benveniste, Yaakov Ibn Nuñez e dezenas de outros grandes talmudistas, exegetas, médicos, matemáticos, cartógrafos, pensadores e poetas chegou ao fim.

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Este artigo tem sequência com a influência da Inquisição nas línguas latinas e como nós, judeus, nos rendemos ao uso de terminologias racistas no nosso linguajar diário.

Imagem: Casamento de Fernando e Isabel, autor anônimo (Wikipedia)

 
 
 

Marcos L. Susskind


(Publicado originalmente em https://www.bras-il.com/e-11-e-chegamos-a-111/



Tel pode ser traduzido como colina ou monte. Mas é um tipo específico pois tem a forma de um cone baixo truncado com um topo plano e as laterais inclinadas.

Um tel clássico é um sítio arqueológico formado pela deposição de poeira e outros materiais sobre alguma aldeia ou cidade histórica abandonada. Um tel guarda em seu interior lembranças, histórias e tesouros de um passado distante.


Aviv é a palavra Hebraica para primavera.

Da junção destas duas palavras, muitos deduzem, erroneamente, que o nome da cidade Tel Aviv signifique Monte da Primavera – algo absolutamente distante da realidade!


No dia 11 de abril de 1909, que era o 5º dia de Chol Hamoed de Pessach, se reuniram algumas famílias no imenso areal próximo a Yafo para sortear os lotes que caberiam a cada família na construção daquela que viria a ser a primeira cidade Judaica em 2000 anos! Exatamente a 111 anos – daí nosso título.

A ideia de criar uma cidade Judaica, em padrões ocidentais, nasceu do ideário de Akiva Arieh Weiss já em 1906. Ele fundou uma cooperativa de nome Agudat Bonei Batim, que mudou o nome para Ahuzat Bait – que viria a ser o nome inicial do agrupamento de casas.


Feito o sorteio e definida a rua principal, Rechov Herzl, decidiu-se iniciar a construção da primeira edificação. O simbolismo mostra a dedicação do Povo Judeu à cultura: antes da primeira casa, construiu-se uma escola – o “Gimnasia HaIvrit Herzliya”, o primeiro curso Ginasial em Hebraico!


Em 1910 foi resolvido dar um nome à cidade. Algumas dezenas foram sugeridos e os mais cotados eram Yafo Chadasha, Newe Yafo, Aviva, Yefeifiá e Herzliya (hoje há uma cidade com este nome, 14 km ao norte de Tel Aviv). No entanto Menachem Sheinkin, idealizador do colégio, trouxe um outro nome com uma justificativa que entusiasmou os residentes: Tel Aviv.


Este era o nome em Hebraico do livro Altneuland, de Theodor Herzl, traduzido por Nahum Sokolov. Quando Solokov traduziu o livro, ele não quis usar o nome “Nova Velha Pátria”. Usou o nome Tel Aviv porque ele continha absolutamente tudo o que o Sionismo pregava: o “Tel” lembra o passado, nossa história e nossos tesouros e “Aviv”, primavera, mostra o renascer, o florescer, os frutos futuros.


Shenkin propôs este nome com a seguinte justificativa: “Com este nome nosso líder Herzl exprimiu a esperança de nosso futuro em Eretz Israel. O nome Tel Aviv tem som local, Hebraico e Árabe, e portanto todos os habitantes desta terra se acostumarão rapidamente a ele”. Sua sugestão foi aprovada por aclamação.


Entre as normas estabelecidas, Tel Aviv seria um “oásis para o descanso após o trabalho, um local de casas baixas com jardim e onde não haverá comércio de nenhuma espécie”.


No entanto, em 1910, trabalhadores reclamavam que não havia onde comprar água, alimentos, nada. Houve uma reunião acalorada no final da qual se tomou uma decisão que transformaria Tel Aviv na metrópole de hoje. Foi permitida a construção de um kiosk de 2 x 2 na Alameda Rothschild desde que:


1- Seria propriedade da Comuna e não seria privada


2- Não seria permitida a venda de bebida alcoólica


3- Não haveria lugar para sentar.


Tel Aviv seguiu como lugar pequeno que atingiu 3600 moradores durante a I Guerra Mundial. Tudo iria mudar a partir de 1º de Maio de 1921. Neste dia começaram os trágicos “Acontecimentos de Tarpa – 5661”, incitados por lideranças árabes radicais.


Estes líderes aproveitaram o estabelecimento do acordo Sykes Picot e se dirigiram a Churchill, em março de 1921, exigindo o cancelamento da Declaração Balfour, que Churchill negou. Eles começam a instigar contra os Judeus.


No dia 1º de Maio ocorre um confronto violento entre socialistas sionistas e judeus comunistas. As lideranças árabes de Yafo aproveitam a confusão para iniciar violência contra os judeus com mortes, estupros, roubos e saques.


Em cinco dias 47 Judeus foram mortos, 146 feridos. A cidade de Yafo, onde 40% da população era judaica (16.000 Judeus), vê o início de um êxodo em direção à vizinha Tel Aviv.


Este influxo de novos residentes gera o cancelamento da norma que não permitia comércio em Tel Aviv e a cidade cresce para 34.000 habitantes em 1925 – crescimento vertiginoso em apenas quatro anos. Graças ao comércio e à sua localização, em 1936 a cidade já contava com 120.000 habitantes.


Na II Guerra Mundial, a Força Aérea Italiana bombardeou Tel Aviv, matando 112 habitantes.


Em 14 de Maio de 1948, num final de sexta-feira, com a saída do último soldado britânico e com Jerusalém sitiada pelos exércitos árabes e portanto inalcançável, David Ben Gurion declarou a Independência de Israel em Tel Aviv.


Hoje, com 111 anos, Tel Aviv é a segunda maior cidade de Israel. Sua população é de 452.000 habitantes. O entorno de Tel Aviv, com grande número de cidades próximas, contém quase 45% da população de Israel.


Em Tel Aviv e cidades vizinhas se concentram indústrias, comércio, inúmeras empresas de alta tecnologia e startups, excelentes hospitais, uma vida noturna cosmopolita, restaurantes, inúmeros museus, ópera, filarmônica, edifícios e shopping centers sofisticados e uma orla marítima convidativa.


Parabéns à metrópole de Tel Aviv, que neste 11, comemora 111.


 
 
 


Hoje tem início Pessach, a Páscoa Judaica.


Hoje, quando o sol se pôs nesta quarta-feira, 8 de abril, a Páscoa Judaica teve início.


Portanto, nessas 24 horas seguidas, o cosmos estará carregado com a energia dos milagres.


Historicamente, este é o dia da travessia do Mar Vermelho.


A cada ano, cada judeu no profundo de suas almas sempre comemora esse evento histórico sabendo qual o impacto que ele possui em sua vida.


O texto bíblico em sua língua original não apenas conta a história de como Moisés levou o povo através do Mar Vermelho, mas também revela a ferramenta metafísica que o próprio líder do povo hebreu, Moshé Rabeinu, Moisés, o Nosso Mestre, utilizou para criar o milagre de quebrar as águas: os 72 Nomes de Deus.


Por vários e vários anos, esse segredo fora mantido escondido das massas, mas grandes cabalistas como o rabino Avraham Abulafia, o rabino Isaac Luria e outros usaram essas 72 permutações dos Nomes Divinos, agrupando-as em 72 grupos de 3 cartas, totalizando assim 216 variações matemáticas para alcançarem poderes transcendentais incalculáveis.


OS 72 NOMES DE DEUS


Os 72 Nomes Divinos são os 72 atributos de como a Luz do Criador se manifesta no mundo.


O Zohar explica que eles têm a capacidade de controlar todas as formas de materialidade e é por isso que Moisés os usou para dividir as águas do Mar Vermelho.


Além de outros 7 nomes de Deus que aparecem na Bíblia, os 72 nomes são a última e mais detalhada revelação dos atributos da Luz do Criador.


Sabemos que para todo atributo positivo neste mundo existe uma contraparte negativa de igual intensidade, bem como também sabemos que a essência da criação deste mundo era esconder a luz infinita para que através da busca pelo seu desvelamento, possamos, enfim, revelá-la.


A grande questão é: como tudo o que é a Luz pode estar de alguma forma oculto? Por isso, foi criado o EGO que torna o infinito algo como alguma coisa possível de ser limitada.


Em hebraico, a travessia do Mar Vermelho é chamada "Kriat Yiam Suf" = "Ruptura do Mar do FIM".


Nosso EGO e a negatividade em geral também têm 72 atributos.

Como produto do nosso Ego, vivemos em um Mar de limitações: O amor acaba, o corpo se deteriora, as finanças não duram, etc, etc.


Os 72 nomes têm o poder de quebrar o mar do fim, quebrar o nosso ego, que é a causa de todos os fins que experimentamos na vida, até, inclusive, a morte.

Muitas pessoas usam os 72 nomes e meditam na solução de problemas específicos em suas vidas, no propósito errôneo e egocêntrico de quererem apenas mudar o efeito de cada coisa e não as suas verdadeiras causas.


A principal causa de qualquer caos é e será sempre um aspecto do EGO.


EGO em latim significa Eu. É a idéia da individualidade egocêntrica, ou seja, quando há conflito com outras pessoas ou quando queremos receber algo de alguém e pensando apenas em nós mesmos, como se não houvesse sempre o suficiente para todos.


A humanidade é um corpo único e nós somos suas células, neste sentido, quando queremos vencer e que outra pessoa perca, isto se torna como querermos que apenas a circulação do nosso sangue atinja apenas um dos nossos braços e que o outro braço desse mesmo corpo se contente apenas com a sua gangrena.


Há luz para todos. Não deixe o Ego mantê-lo em um mar de fins e fracassos.


Desse modo, os 72 nomes devem ser usados para quebrar o mar do fim substancialmente limitado, egocêntrico, interior que cada indivíduo costuma simplesmente trazer consigo, mesmo muitas vezes pouco se dando conta disso.

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