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Hebreia

Um belíssimo poema só poeta Castro Alves.


Hebreia

(Castro Alves)


Flos campi et lilium convallium.

(Cântico dos Cânticos)


Pomba d'esp'rança sobre um mar d'escolhos!

Lírio do vale oriental, brilhante!

Estrela vésper do pastor errante!

Ramo de murta a recender cheirosa! ...


Tu és, ó filha de Israel formosa...

Tu és, ó linda, sedutora Hebreia...

Pálida rosa da infeliz Judeia

Sem ter o orvalho, que do céu deriva!


Por que descoras, quando a tarde esquiva

Mira-se triste sobre o azul das vagas?

Serão saudades das infindas plagas,

Onde a oliveira no Jordão se inclina?


Sonhas acaso, quando o sol declina,

A terra santa do Oriente imenso?

E as caravanas no deserto extenso?

E os pegureiros da palmeira à sombra?!


Sim, fora belo na relvosa alfombra,

Junto da fonte, onde Raquel gemera,

Viver contigo qual Jacó vivera

Guiando escravo teu feliz rebanho ...


Depois nas águas de cheiroso banho

— Como Susana a estremecer de frio —

Fitar-te, ó flor do babilônio rio,

Fitar-te a medo no salgueiro oculto ...


Vem pois!... Contigo no deserto inculto,

Fugindo às iras de Saul embora,

Davi eu fora, — se Micol tu foras,

Vibrando na harpa do profeta o canto ...


Não vês?... Do seio me goteja o pranto

Qual da torrente do Cédron deserto!...

Como lutara o patriarca incerto

Lutei, meu anjo, mas caí vencido.


Eu sou o lótus para o chão pendido.

Vem ser o orvalho oriental, brilhante!...

Ai! guia o passo ao viajor perdido,

Estrela vésper do pastor errante!



Castro Alves

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves


Antônio Frederico de Castro Alves(Fazenda Cabaceiras,[nota 1]Freguesia de Curralinho,Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, 14 de março de 1847 —Salvador, 6 de julho de 1871) foi umpoetabrasileiro.[10]Escreveu clássicos comoEspumas FlutuanteseHinos do Equadorque o alçaram à posição de maior entre seus contemporâneos, bem como versos de poemas comoOs Escravos,A Cachoeira de Paulo AfonsoeGonzagaque lhe valeram epítetos como "poeta dos escravos" e "poeta republicano" por Machado de Assis, ou descrições de ser "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitário", no dizer deJoaquim Nabuco,[10]de ser "o maior poeta brasileiro, lírico e épico", no dizer deAfrânio Peixoto,[10]ou ainda de ser o "apóstolo andante do condoreirismo" e "um talento vulcânico, o mais arrebatado de todos os poetas brasileiros", no dizer deJosé Marques da Cruz.[11]Integrou omovimento romântico, fazendo parte no país daquilo que os estudiosos chamam de "terceira geração romântica".[12]


Começou sua produção maior aos dezesseis anos de idade, e seus versos de Os Escravosforam iniciados aos dezessete (1865), com ampla divulgação no país onde eram publicados nos jornais e declamados, ajudando a formar a geração que viria a conquistar a abolição; José de Alencar disse dele, quando ainda em vida, que "palpita em sua obra o poderoso sentimento de nacionalidade, essa alma que faz os grandes poetas, como os grandes cidadãos".[10] Ao lado de Luís Gama, Nabuco, Ruy Barbosa e José do Patrocínio, destacou-se na campanha abolicionista "em especial, a figura do grande poeta baiano Castro Alves".[13]Teve por maiores influências os escritores românticos Victor Hugo, Lord Byron, Lamartine, Alfred de Musset e Heinrich Heine.[14]

O historiador Armando Souto Maior diz que o poeta, "como assinala Soares Amora 'por um lado marca o ponto de chegada da poesia romântica, por outro já anuncia, nalguns processos poéticos, em certas imagens, nas ideias políticas e sociais o Realismo.' Não obstante, deve ser considerado o maior poeta romântico brasileiro; sua poesia social contra a escravidão galvanizou a sensibilidade da época."[15] Diz Manuel Bandeira que "o único e autêntico condor nesses Andes bombásticos da poesia brasileira foi Castro Alves, criança verdadeiramente sublime, cuja glória se revigora nos dias de hoje pela intenção social que pôs na sua obra".[16]

No dizer de Archimimo Ornelas, "Temos Castro Alves, o revolucionário; Castro Alves, o abolicionista; Castro Alves, o republicano; Castro Alves, o artista; Castro Alves, o paisagista da natureza americana; Castro Alves, o poeta da mocidade; Castro Alves, poeta universal; Castro Alves o vidente; Castro Alves, o poeta nacional por excelência; enfim, em todas as manifestações humanas poderemos encontrar essa força revolucionária que foi Castro Alves" e, sobretudo, "Castro Alves como o homem que amou e foi amado".[17]


 
 
 

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1 Comment


Gosto muito dos poemas Castro Alves. Parabéns!

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