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La poesía sefardita comprometida: Jefferson Linconn


Por Alessandra Dolce, como subcapítulo de sua Tese de Doutorado intitulado Estudio socioliterario de escritores sefardíes de procedencia portuguesa : Samuel Usque, Bento Teixeira, Ambrosio Fernandes Brandáo y nuevos escritores del nordeste brasileño, outorgado pela Universidade de Murcia, na Espanha.


4.2.4. La poesía sefardita comprometida: Jefferson Linconn


Continuando con este nuevo grupo de escritores nordestinos, os retornados,

presentamos otra contribución del poliédrico – escritor, poeta y periodista – Jefferson

Linconn. Cuando escribí a Jefferson pidiéndole una pequeña biografía, sus líneas me

asombraron, y sería imposible evitar citarlas porque representan el gran esfuerzo que hoy

en día se está haciendo en Pernambuco por la tutela del patrimonio sefardí:

Vice–presidente da Associação dos Judeus Sefarditas de PE, entidade que

busca fazer retornar os seus membros e aqueles indivíduos interessados, ao seio do

judaísmo, com base no resgate da nossa identidade sefardita. Presidente do Centro

Cultural Sefarad Israel de Pernambuco, no Recife, entidade esta que possui os seus

esforços voltados para a promoção, preservação e divulgação da rica Cultura

Sefardita no mundo. Também é igualmente Presidente da Sinagoga Aboab da

Fonseca/Mekor Haim de Pernambuco, instituição esta, que busca resgatar,

promover e divulgar os usos e costumes relacionados com a tradição ligada às

crenças religiosas relacionadas aos judeus de origem Sefardita. Nossas três

organizações, bem como minhas próprias incursões pelo mundo da poesia e da

Literatura, estão irmanadas e reunidas no propósito de promoverem de forma

conjunta a cultura e a religiosidade sefardita, tendo por princípio o estudo, a

reflexão, a prática e o intercâmbio cultural que envolvam as tradições e os valores

judaicos de modo geral, e, de modo particular, sobretudo os usos e costumes

herdados diretamente dos nossos antepassados oriundos de Portugal e Espanha, ou

seja, provenientes da Península Ibérica.


Aquí proponemos una selección de cinco poemas que se encuentran en el

poemario, cuyo título es Livro Manifesto, que fue preparado para presentarlo en la IX

Bienal Internacional do Livro de Pernambuco en 2013.


Poesía 1:


Talvez, nosotros, os de priscas nefeshes ladinas, nós sejamos sem os segredos e

também sem os avexos do simples significado do tempo.

Há a severidade em nós de um algo incabível, eu sei.

Os meninos não se enxergam com as roupas dos loucos que lhes propõem

cotidianamente as tristezas.


Poesía 2:


Um mero ponto. E em sua volta um círculo...

A formiguinha. O sol.

Alguém já viu a boniteza de tudo? Um iode viu um vav e riu?

Alegrinho acalma um menininho triste, um outro moço? Ele sabe a harpa que toca?

Bem sei a sorte dos gigantes.

(por sempre tropeçarem nessas imperfeitas pressas que são, de modo tão

incomensurável, as suas mais desvirtuadas frases).

Porém, Mais que isso... bem sei a quais destinos vingam–se as utilidades das fundas.


Poesía 3:


Eu, este menino, alguém poderia medir–me? E velho? Um velho não arredonda as

coisas?

Um simples homem não pode levar outros às suas cordialidades? Às razões e

desrazões místicas ou poéticas que lhe consomem o seu peito?

Receio saber, porém, mais do que estes préstimos... Pois, receio o medo das

vulgaridades.

Nos seus guizos são que as cascavéis nos deleitam. No que se requebram... Vivazes e

reperdoáveis, contudo, das suas profissõezinhas tão tristes.


Poesía 4:


Porque entre os nossos amores e os dias, restam os nossos mortos,

(quando um pouco da gente dispensamos nas frases).

Quais entendimentos buscariam os bobos moços, desses absurdos?

As aulas mais práticas se exigem deles. Sem eles perceberem que essas mesmas

ladras lhes roubam infiéis as suas poucas virtudes.

Mas, passo–lhes sempre é esta cabalazinha: vive–se é da eternidade de tudo.

Ai, meu menino, esquece o verso, porque ele pode ter muitas

faces.

Pois, as nuvens não fazem as modelagens que querem nos seus absurdos?

Um grimório escrevo de como se fazer um outro homem? É possível? Temo.

Temamos sempre as impossibilidades das coisas.


Poesía 5:

Quando não me fazes de louco, vida, é que escrevo. Vou seguindo a mão mágica e

invisível de D’us.

As cores, em ondas, vão reclamando a existência do mármore branco,

branco.

Branco, como o meu susto ao levantar dessas pedras as formas mais humanas que

posso.


Presentado en la bienal do Livro de Pernambuco 2013, Livro manifiesto de Jefferson

Linconn, se propone como un único poema de 128 páginas que se desarrollan como un

diálogo entre un joven, con el corazón lleno de engagement y entusiasmo, un hombre de

mediana edad, suspicaz y realista, y un viejo de actitud escéptica y a veces cínica hacia las

causas políticas, después de haberlas visto manipuladas por demagogos, oportunistas,

falsos izquierdistas y estafadores.


Livro Manifiesto –comenta Linconn– que se centra en nuestra capacidad de

reflexión y de indignación, ante los acontecimientos de hoy en día en Pernambuco, en la

situación actual del Brasil y en la necesidad de reivindicar un estado más digno. La obra

busca, en la realidad urbana, el significado de la vida, de la política, del amor en su

conjunto de relaciones humanas:

O homem maduro que toma voz, durante a fala entre o jovem que fui e

o velho que o contesta metaforicamente, não apenas no livro, mas na própria vida

cotidiana, habitam–me nesta encruzilhada da minha própria meia–idade.


Questiono–os, portanto, intrinsecamente, na condição de prever nas palavras dessas

duas criaturas e doutras – nos ambientes e nas culturas que nos cercam – os seus

próprios gestos e as suas mais arquetipicas significações.


Protagonista es una conciencia colectiva que, a través del tiempo, ha perdido la

capacidad de amar, sufrir y de indignarse. Los jóvenes se ven privados de sus pocas

virtudes y el llamamiento a la antigua tradición sefardí «priscas nefeshes ladinas» resulta

de una severidad incomprensible: «Os meninos não se enxergam com as roupas dos loucos

que lhes propõem cotidianamente as tristezas».


El crítico Roberto da Silva reconoce en Linconn la necesidad de definir el acto

poético como acto vital:

E nessa nossa actual sociedade, fazer poesia tornou–se, talvez mais

dificil do que viver. Seria a literatura uma oportunidade para escrever e

depois viver o escrito? Ou é hora de se fazer um livro manifesto…ou um livro do manifestar–se, entrando em contradição com « fazer–arte » o « pensar arte?» (da Silva, Apresentaçao, sept. 2013: 1).


Para Jefferson Linconn es necesario –subraya el artista plástico Roberto da Silva–

reconducir el acto poético al engagement con la vida y proponerse el reto de buscar un

camino en medio de la contradicción, porque la vida y el arte se influyen mutuamente, y es

doloroso aceptar con valentía también el peso de la poesía «sei, nada suportas meu canto.

Ès muito frágil para o peso deste terrível momento.»


 
 
 

Um belíssimo poema só poeta Castro Alves.


Hebreia

(Castro Alves)


Flos campi et lilium convallium.

(Cântico dos Cânticos)


Pomba d'esp'rança sobre um mar d'escolhos!

Lírio do vale oriental, brilhante!

Estrela vésper do pastor errante!

Ramo de murta a recender cheirosa! ...


Tu és, ó filha de Israel formosa...

Tu és, ó linda, sedutora Hebreia...

Pálida rosa da infeliz Judeia

Sem ter o orvalho, que do céu deriva!


Por que descoras, quando a tarde esquiva

Mira-se triste sobre o azul das vagas?

Serão saudades das infindas plagas,

Onde a oliveira no Jordão se inclina?


Sonhas acaso, quando o sol declina,

A terra santa do Oriente imenso?

E as caravanas no deserto extenso?

E os pegureiros da palmeira à sombra?!


Sim, fora belo na relvosa alfombra,

Junto da fonte, onde Raquel gemera,

Viver contigo qual Jacó vivera

Guiando escravo teu feliz rebanho ...


Depois nas águas de cheiroso banho

— Como Susana a estremecer de frio —

Fitar-te, ó flor do babilônio rio,

Fitar-te a medo no salgueiro oculto ...


Vem pois!... Contigo no deserto inculto,

Fugindo às iras de Saul embora,

Davi eu fora, — se Micol tu foras,

Vibrando na harpa do profeta o canto ...


Não vês?... Do seio me goteja o pranto

Qual da torrente do Cédron deserto!...

Como lutara o patriarca incerto

Lutei, meu anjo, mas caí vencido.


Eu sou o lótus para o chão pendido.

Vem ser o orvalho oriental, brilhante!...

Ai! guia o passo ao viajor perdido,

Estrela vésper do pastor errante!



Castro Alves

Fonte: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Castro_Alves


Antônio Frederico de Castro Alves(Fazenda Cabaceiras,[nota 1]Freguesia de Curralinho,Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, 14 de março de 1847 —Salvador, 6 de julho de 1871) foi umpoetabrasileiro.[10]Escreveu clássicos comoEspumas FlutuanteseHinos do Equadorque o alçaram à posição de maior entre seus contemporâneos, bem como versos de poemas comoOs Escravos,A Cachoeira de Paulo AfonsoeGonzagaque lhe valeram epítetos como "poeta dos escravos" e "poeta republicano" por Machado de Assis, ou descrições de ser "poeta nacional, se não mais, nacionalista, poeta social, humano e humanitário", no dizer deJoaquim Nabuco,[10]de ser "o maior poeta brasileiro, lírico e épico", no dizer deAfrânio Peixoto,[10]ou ainda de ser o "apóstolo andante do condoreirismo" e "um talento vulcânico, o mais arrebatado de todos os poetas brasileiros", no dizer deJosé Marques da Cruz.[11]Integrou omovimento romântico, fazendo parte no país daquilo que os estudiosos chamam de "terceira geração romântica".[12]


Começou sua produção maior aos dezesseis anos de idade, e seus versos de Os Escravosforam iniciados aos dezessete (1865), com ampla divulgação no país onde eram publicados nos jornais e declamados, ajudando a formar a geração que viria a conquistar a abolição; José de Alencar disse dele, quando ainda em vida, que "palpita em sua obra o poderoso sentimento de nacionalidade, essa alma que faz os grandes poetas, como os grandes cidadãos".[10] Ao lado de Luís Gama, Nabuco, Ruy Barbosa e José do Patrocínio, destacou-se na campanha abolicionista "em especial, a figura do grande poeta baiano Castro Alves".[13]Teve por maiores influências os escritores românticos Victor Hugo, Lord Byron, Lamartine, Alfred de Musset e Heinrich Heine.[14]

O historiador Armando Souto Maior diz que o poeta, "como assinala Soares Amora 'por um lado marca o ponto de chegada da poesia romântica, por outro já anuncia, nalguns processos poéticos, em certas imagens, nas ideias políticas e sociais o Realismo.' Não obstante, deve ser considerado o maior poeta romântico brasileiro; sua poesia social contra a escravidão galvanizou a sensibilidade da época."[15] Diz Manuel Bandeira que "o único e autêntico condor nesses Andes bombásticos da poesia brasileira foi Castro Alves, criança verdadeiramente sublime, cuja glória se revigora nos dias de hoje pela intenção social que pôs na sua obra".[16]

No dizer de Archimimo Ornelas, "Temos Castro Alves, o revolucionário; Castro Alves, o abolicionista; Castro Alves, o republicano; Castro Alves, o artista; Castro Alves, o paisagista da natureza americana; Castro Alves, o poeta da mocidade; Castro Alves, poeta universal; Castro Alves o vidente; Castro Alves, o poeta nacional por excelência; enfim, em todas as manifestações humanas poderemos encontrar essa força revolucionária que foi Castro Alves" e, sobretudo, "Castro Alves como o homem que amou e foi amado".[17]


 
 
 

Por Marcos Susskind


Hoje, dia 9 de junho de 2020, (dia 17 de Sivan 5780, estamos numa linda noite de lua cheia aqui em Israel.


Exatamente há 72 anos pelo calendário judaico, Israel sofreu o mais dramático confronto entre a Esquerda e a Direita judaica.


O Movimento Etzer, liderado por Menachem Begin havia comprado um navio, o Altalena e trazia armas para a guerra da independência. No entanto, alguns dias antes da chegada do Altalena, Israel determinou o desmantelamento das brigadas partidárias e a criação de um único Exército Nacional. Isto não incluía ainda a cidade de Jerusalém, onde a luta ainda estava no seu auge. Ben Gurion, que era o Primeiro Ministro, membro do Partido de Esquerda, exigiu que Begin que era membro da Direita, entregasse as suas armas ao recém criado Exército.

Begin aceitou entregar parte das armas, mas queria transferir a outra parte a seus comandados em Jerusalém, o que Ben Gurion não aceitou. Em função das divergências, Ben Gurion determinou que se abrisse fogo contra o Altalena. Muitos membros do Etzel, conhecido também como Irgun, foram mortos no navio e três soldados do recém criado Exército em defesa de Israel também vieram a falecer. Begin determinou que não se retornasse fogo do Altalena para evitar uma guerra civil.


É a página mais triste na briga entre ideias diferentes aqui em Israel e em toda história do nosso país.


Na cerimônia anual em memória dos mortos, que ocorreu hoje, o presidente do Israel, Reuven Rivlin, disse que a lição do Altalena é uma e única: é necessário permitir a exposição de ideias, permitir o debate, incentivar o debate, mas ao mesmo tempo é importante combater os que buscam o embate, o confronto. Fazer isso em todas as frentes, sem ter vergonha, oralmente e por escrito, em nossos status, em nossas postagens, nas redes sociais e nas ruas, obviamente tudo deve obedecer os limites da lei e da linguagem respeitosa. Argumentem, discutam posições, permitam-se uma atmosfera de discussão ainda que dura. Mas que não seja de forma nenhuma violenta.


Acredito que isso vale não só para Israel, mas isso vale para todos os lugares do mundo aonde infelizmente nós vemos crescentes conflitos humanos, como vimos na França com os jaquetas amarelas, como vimos nos Estados Unidos agora, recentemente, com as manifestações de negros enfrentando a polícia e como vimos também no Brasil entre a esquerda e a direita, entre partidários de uma e outra corrente, enfim.


Esta situação que Rivlin definiu aqui em Israel, infelizmente, ocorre muito mundo afora e precisaria ser parada.



 
 
 
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